domingo, 10 de julho de 2016

Desabafo da mulher... só

Nem se esforce.
Não gaste seu tempo tentando me entender nem escreva nada pra mim.
Foi tanta coisa que já aconteceu no meu caminho, tanta reflexão que nem sei se conseguiria dizer algo que me deixasse aliviada, agora.
Deixa! Vou ficar bem.
Amanhã é outro dia e vou pensar em alguma forma de me divertir e gozar de mais uma alegria momentânea.
Mais uma.
Não foi você quem contou de uma música que dizia que "a vida é feita de pequenos nadas"?
É assim que tenho vivido. Você sabe.
Minha vida sempre foi complicada, com a família sempre distante, um pai que eu pouco via.
Saí do Rio Grande do Sul pro sudeste foi pra ficar próxima do que eu achava que ainda restava dela, que eram minha mãe e irmã. Aos dezesseis isso era o mínimo que eu precisava, mas pra falar a verdade, o carinho continuava longe do que eu esperava.
Tive que amadurecer logo, viver em mim mesma, e aos dezoito na faculdade e morando sozinha o meu tempo era somente dedicado aos estudos e à sobrevivência com dinheiro contado. Faltava tempo e companhia pra chorar ou sorrir. Dividir meus erros e acertos.
Faltava alguém pra cuidar de mim quando eu adoecia.
Conhecidos, muitos.
Amigos, algum?
Não sei ao certo.
Quando formada já me imaginava inteiramente dona de mim mesma, e tantos foram os lugares que já morei até nos conhecermos.
Quantos eu já morei mesmo, porque "viver" eu não sei onde ou quando vou.
Muito confuso isso.
Difícil dizer que se vive ou viveu, se beirando os 30 não se tem ninguém pra te perguntar como você está. Se chegou bem ou não e como foi o trabalho. Se está doente ou precisando de algo.
Tive muita frieza. Vai entender agora porque eu te tratei de forma indiferente por diversas vezes. Não foi por querer.
Às vezes nem percebo, porque na minha vida certos "gelos" e decepções foram normais. Devo mesmo ser a "pedrinha de gelo", como você diz.
O coração vai endurecendo com tudo isso, sabe?
Horrível dizer que hoje não conto nem com meus pais, quando muitas vezes eles chegam a se preocupar menos comigo do que colegas de trabalho, até.
Não espero deles. Pra não me decepcionar mais.
Namorado?
Alguém que não faz questão de te ver e não procura saber de você quando está longe viajando, não é bem um namorado. Sempre te falei que ele não sabia tanto de mim como poderia. Só tinha de bom ainda o fato dele pelo menos estar aqui quando eu queria. Mas só quando EU queria.
Cansei!

Acho que é isso.
Toda essa ausência de companhia, afeto e carinho me deixou assim.
Você diz que eu uso uma máscara de mulher independente que não precisa de nada ou de ninguém. Mas acho que depois disso que estou contando vai me entender.
Sabe, ontem mesmo me peguei refletindo sobre o que me deixa feliz.
E eu sei que não é entrar numa loja e comprar vinte pares de sapato, dez bolsas ou todas as roupas que eu gostar.
Acabei não chegando a qualquer resposta rs

Depois de tantas moradias, nem de longe sou capaz de sentir que seja a última.
Várias cidades e nenhum destino, buscando a felicidade.
Tentando.
Tentando esconder na couraça da independência a falta que sinto do meu homem ideal e de uma família presente.
Tentando ser resistente
Resiliente

Autossuficiente

Até no sentimento


A.G.
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