quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Da Inércia em um relacionamento


          Nunca fui chegado às ciências humanas, mas considero que muitas coisas delas são facilmente explicadas pelas ciências desumanas (ou exatas). A lei da “ação e reação” por exemplo, se encaixa perfeitamente em muitas situações do cotidiano, mas uma lei que estou passando a odiar é a tal da inércia.
          O relacionamento começa como manda o figurino, com os dois se conhecendo e se encantando com o universo um do outro. As diferenças são uma descoberta, um desafio que vale a pena ser encarado. Chega a ser gostoso, muitas vezes. Certos incômodos como o jeito de falar alto ou de lidar com certas situações são facilmente tolerados. Um aprendizado constante e quando se percebe já passaram um bocado de tempo juntos, inclusive conhecendo os problemas da pessoa. Se nada acontece de diferente na sua vida ou ninguém diferente aparece pra te trazer um novo encanto, aquele sentimento e a vontade de querer bem aquela pessoa vai permanecer e ainda crescer. Eis a ação da inércia. Você agora só quer ajudá-la a sair de seu mundinho de mesmice e cobrança da sogra, até que na loja de departamentos você passa direto pela prateleira de chocolates e vai em direção à que tem um utensílios de cozinha. Aí é que a coisa começa a ficar mais séria e concreta. Começando pelo estômago, é lógico. Depois de mais de uma década você já nem vai mais recordar se as alianças vieram antes ou depois disso. Tanto faz.
          Daí ao casamento, alegrias, primeiras dificuldades, emprego novo, cidade nova, experiências, retorno. Tempo que passa, família, novo lar e por aí vai. A entrega da mulher à essa nova vida é enorme e impressionante. Muitos homens não conseguem lidar. Eu achei que eu conseguiria. Extremamente complicado quando a aventura dá lugar à responsabilidade, e é compreensível, mas o que não é compreensível é a chatice de se perder o encanto ou deixar de se arrepiar com a surpresa de um carinho nos locais específicos do corpo, por exemplo. A delícia de estar um dia sozinhos em casa e fazer sexo na cozinha, em cima da pia, no sofá da sala ou no banho juntos de porta aberta, se atracando dali até a cama e lá desfalecerem de gozar.

           Mais do que nunca isso agora é permitido! É necessário!

          A inércia da vida e do cotidiano pode fazer tudo isso se perder. O companheirismo vai substituir a surpresa, a tara de se jogar em cima do outro, ou se deixar despir violentamente em plena luz do dia e deixar o prazer acontecer. A calcinha de ladinho na transa dentro do carro dará lugar ao sexo poucas vezes na semana, com o requisito da combinação perfeita entre filme, comida japonesa, sono das crianças e ausência de menstruação. Com isso a ausência de problemas domésticos. As cobranças passam a ser mais constantes, e a maneira de se reagir aos problemas ou o tom de voz passam a ser insuportáveis.
          Sir. Isaac Newton que me desculpe, mas a porra da inércia é que fode com tudo. Porque ninguém chega pra você na hora de uma escolha dessas e diz que você vai crescer, amadurecer, poderá conhecer (ou viver) outros relacionamentos diferentes, outras realidades e quem sabe, cruzar com alguém que tenha mais semelhanças contigo do que a pessoa que você está escolhendo pra ficar junto na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. A coisa vai toda no automático. Não quero dizer que isso é uma regra e que todos que casam cedo estão fadados a serem infelizes. Quero apenas enfatizar que chega uma hora que a pessoa cansa de ceder para a outra. Vai chegar o final de semana em que você vai querer fazer tudo diferente, ou não fazer nada, e isso vai causar uma estranheza tremenda. Vai chegar uma hora em que aquela respostinha malcriada que era considerada engraçada pra evitar briga, ou até se levava na sacanagem, passa a ser insuportável. O comodismo, o mau humor, a falta de privacidade, intimidade e cada coisa pequena, cada cicatriz de birras e brigas entre vocês, cada sonho adiado... tudo isso vai contar e vai engordar a lista dos motivos pra cair fora.
           Então, puta que pariu! Só o que eu digo pra quem vier a ler isso é que avalie bem antes de juntar os trapinhos com alguém que tem uma quantidade razoável de diferenças em relação a você, e pense se há necessidade de arriscar mesmo ou se vale a pena esperar um pouco mais até conseguir alguém que seja tão louco ou tão certinho quanto você é. Ou não conseguir ninguém, mas que se foda! O mais importante é estar feliz. Viver momentos felizes nem que seja sozinho. Porque depois que você estiver com a vida estruturada, não vai querer deixar o lar que conquistou (aram) e além disso, amará perdidamente as crias que houverem (se houverem), de modo a não querer que elas sofram com a separação. Você também não vai querer se afastar do carinho deles.

          Aí meus caros, será necessária uma grande decisão, onde agirá a primeira lei que citei: “ação e reação”.





*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato. Atenderemos prontamente.

domingo, 11 de outubro de 2015

O que escrever de ti . . .


O que escrever de ti, mulher madura?
Não recordo te ver triste um dia.
Nem imagino teus olhos rasos d'água.
Teu nariz vermelhinho, quem sabe.

Mas prefiro continuar assim,
sem prever teu olhar perdido.
À noite sem dormir, em silêncio e peito aflito.

Não demonstras qualquer fraqueza.
Nem ao menos querer ajuda.
Não se abala com a aspereza dos homens,
erguendo-se como fênix a cada queda.

Absorve as pancadas da vida.
Calada por fora, por dentro chora sozinha.
E num passe de mágica a covinha reaparece,
indiferente a quem te aporrinha.

Prefiro assim:

Mulher madura.
Mulher segura.

Segura na minha mão
Segura, nas minhas mãos

Mentira. Nunca estarás.
Nas mãos de ninguém a não ser pra andar junto.
Ninguém te segura,
independente e dona do mundo.
Do seu mundo.


Nesse coração eu vou entrar,
e teus sentimentos decifrar.
Querendo, estarei sempre aqui,
e meu colo te darei assim assim.



R.S.


*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato. Atenderemos prontamente.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Não tenho pressa em possuir-te [+18]

Não tenho pressa em possuir-te.
Pode continuar fazendo seu jogo.
O jogo faz parte do protocolo, e se não nos atracamos em outro momento agora vai ser inesquecível.
Como uma sopa que se come pelas beiradas, aos poucos entro em teu espaço.
Na melhor hora terei você de um jeito único.
Chegarei ao centro desse prato.
Logo logo alcançarei teus encantos.
Cederás a minhas carícias e abrirás tuas portas pra me receber.
Nossos caminhos estão cruzados assim como o cruzar de tuas pernas será desfeito.
Tocarei teus caprichos, teus segredos.
Meu território meu caminho meu destino.
Se teu coração ainda exploro devagar, o mapa de teu corpo já possuo há tempos.
Olhar de raio x não se engana.
O meu tantas vezes já te despiu.
Contigo sonhei e suado acordei.

Teu olhar me abriu as portas.
Desde então por perto estive.
Teu juízo vais perdendo.
Teus muros em queda livre.

O tempo do calendário te reserva meu calor.
O que é meu eu te ofereço.
Suor, paixão, loucura, tesão . . . amor.



*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato. Atenderemos prontamente.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A viagem perfeita #SQN - Confiança jogada no lixo


O vinho não era o Lambrusco como ela tinha pedido. Não houve tempo hábil para a compra porque a comunicação falhou. O desejo de fazer a surpresa para ela foi maior do que tempo para procurar o tal e os frios. Mesmo assim passar aquele final de tarde e noite com ela e depois viajarem de volta ao Rio era o que mais importava. Pé na estrada mesmo sem ter conseguido falar com ela.
O encontro foi gostoso. Há tempos que ele queria encontrá-la fora daquele ambiente hostil de trabalho. Tudo seria diferente. Aquele abraço caloroso de quem não se via fazia quase um ano. Por muito tempo só o contato telefônico havia. A rede social também os mantinha conectados, falando sobre tudo um pouco. Trabalho, pessoas, viagens, relações, sexo . . .
Sempre existia a brincadeira carinhosa que era peculiar dele. O carinho que ele dedicava àquela pequena era verdadeiro e muitas vezes parecia recíproco. Ela não deixava passar disso.
Muitas risadas foram dadas e muitas histórias contadas, regadas a qualquer outro vinho tinto suave, que era o que ela gostava. Depois de tanto tempo que eles se conheciam, esta era a primeira vez que se encontravam sem rigidez no horário e mais ainda livre, agora no ambiente dela. Arrumar a casa junto foi super tranquilo. Ela passaria duas semanas fora. Esvaziar a geladeira e não deixar nada sujo pra evitar bichos nojentos e mal cheirosos pela casa, e outras pequenas coisas foram feitas com prazer pelos dois. Tudo era divertido.
Tudo pronto e a hora ainda permitia um cochilo até o momento de irem pra rodoviária. Foi lindo quando ela dormiu encostada sobre o peito dele como que num piscar de olhos. Ele também cerrou os olhos, mas não sem antes acariciar aqueles cabelos que tanto apreciava.

Despertador tocou, e poucos instantes após levantarem e escovarem os dentes com aquele sorrisinho no canto da boca, lá estava o táxi a esperá-los.
Já no ônibus a felicidade por estarem juntos era clara, e o peito dele foi outra vez o local preferido para o repouso. Assim permaneceram por muito tempo. Ele não quis dormir, pois não queria arriscar roncar, pela posição em que estava, e também porque não queria perder um segundo da visão daquela com a qual havia sonhado por tanto tempo ter nos braços. O pensamento se misturava entre acariciar aqueles cabelos outra vez e ousar descer as mãos pelos pequenos seios, tamanho "boca", parando este movimento descendente no meio daquelas pernas. Sentir a maciez de seu vale.
Mas até que ponto seria permitido ? Arriscar ou não? Ou será que era isso que ela sempre esperou? Momento passou e a porta se fechou?
Ele queria escrever cada detalhe, pra depois eternizar aquela noite em um texto, mas as palavras não vinham. A dúvida e a vontade de tocá-la rondavam a cabeça, mas o medo de estragar tudo foi maior. Certamente ele dormiu depois disso. Se roncou ou não, ela nada comentou. O que aconteceu depois não foi de grande destaque a não ser as duas caras amassadas descendo na rodoviária, despedindo-se com um abraço bem forte e um beijo gostoso de agradecimento pela companhia, daquele de quem quer dizer "adorei. A gente se vê".

Agora cada um foi pro seu lado:
Ela indo tomar a condução para o trabalho;
Ele para a sua casa, com a certeza de fez uma das maiores burradas de sua vida.

A viagem de fato aconteceu, mas o "conto de fadas" foi na cabeça dele, pois uma desculpa sem nexo impediu que se encontrassem. Justificativas idiotas para não encontrar aquele que ela conhecia já a algum tempo e supostamente entendia e gostava. Não entendeu merda nenhuma e não teve qualquer consideração. Difícil crer alguém não valorizando a presença de um amigo distante na sua cidade, quase na sua rua.
"Não estou legal e preciso dormir um pouco". Tá com medo de quê? Ele não ia violentá-la, idiota! Do contrário, vai cuidar de você! Abraço de carinho e uma boa conversa era o que lhe bastava, sua burra!
O cinema sozinho foi o que ele curtiu pra passar o tempo até seu ônibus que seria 6 horas depois. Viagem já perdida e o ônibus dela 8 horas depois, não foi difícil trocar a passagem pra irem juntos e constatar definitivamente o sentimento que havia por parte dela, especialmente.
Aquela pessoa supostamente triste por ter vacilado com alguém que a considerava desapareceu no encontro de verdade. Ela agora estava na vantagem. Virou a mesa pois ele tomou a porrada e ficou pra tomar outra. Conversa amena na viagem, e repulsa quando ele acariciou os cabelos. Nenhum gesto físico de carinho. A negativa saiu da boca dela mesma.

Na despedida os braços dele aguardavam ao menos um abraço daquele corpo alvo. Nem isso. A boca nada beijou.
Um "tchau. Valeu, fulano" foi o que ele ouviu enquanto nem pra trás ela olhou.
Saiu dali se sentindo um merda total.

Sentimento não durou muito. Sua cabeça ficou leve ao perceber que só quem perdeu foi ela.
Perdeu um cara disposto a fazer muitas merdas no seu caminho já traçado, pra ficar com ela.
Perdeu aquele que buscava ajudá-la em tudo que precisava, fosse no trabalho ou fora dele.
Aquela mulher que ele achou em certo momento que tinha muito a ver, com alguns pensamentos e gostos semelhantes, maneira de encarar o mundo e até alguns planos, se mostrou ser três pessoas numa só. Uma ao telefone, outra no computador, e outra completamente diferente pessoalmente.
Essa pessoa ele não quer mais. Deixou de ser o problema. Essas atitudes o fizeram perceber que os mundos são diferentes e que o dele é muito melhor. Cego, achava que o jeito que a dita-cuja vivia era o que o faria feliz também. Ledo engano.
O cartão que ele a presenteou no ônibus, falando de amizade, pode ser rasgado e jogado no lixo. Tudo o que estava escrito nele já fora rasgado pelas palavras e acontecimentos deste episódio.

Dois meses se passaram.

Ele não mais a procurou, como sempre fazia (só ele);

Ela ainda mandou mensagem, falando só sobre trabalho . . .

Só pra isso ele servia . . .



A.G.