domingo, 15 de janeiro de 2017

Sobre a curiosa arte de achar alguém incrível

Esse assunto me deixou desperto agora, à 1:45h da madrugada com vontade de escrever, após ter assistido pela milésima terceira vez o filme "Cidades de Papel" (Paper Towns).
Como reler um livro, assistir um filme diversas vezes nos leva a ter novas percepções.
Pelo personagem, percebi a facilidade em se considerar alguém incrível.
Isso não se dá necessariamente pelo quanto essa pessoa vem a nos bajular, ou pelo quanto de sucesso ela tem, e nem se trata de sentir inveja dela, também. Mas sim por perceber a capacidade de certos seres nos fazerem bem com uma só palavra ou até mesmo com seu silêncio.
Sim, o silêncio! O mistério é que as faz mais intrigantes.
A pessoa que te ignora pode vir a te encantar, porque você passa tempos tentando entender o porquê de dela ser assim. Até perceber que o problema sempre esteve contigo. O silêncio era proposital, pra que ela não te falasse qualquer besteira que desmoronasse a admiração que você demonstrava.

Já me disseram que acharam o filme "sem sal". Pode até ser, mas que se foda!
Eu o assisti em um dia marcante pra mim, e neste instante estou com este pensamento.
Foi marcante porque eu o assisti pela primeira vez, no cinema, durante uma viagem frustrante já contada aqui, em que eu achava que eu era importante pra pessoa de uma forma que eu realmente não era. Mas eu me sentia um pouco na obrigação de ajudá-la, estando presente. Tinha tara por penetrar naquele universo de uma mulher que fala pouco sobre si, e orgulhosa não pedia ajuda pra nada.
Na minha cabeça aquilo era incrível e por isso achei esse filme tão familiar!
Eu queria a todo custo penetrar naquela mente, derreter ao menos pontualmente aquela pedrinha de gelo e descobrir uma sequer fraqueza.

Hoje conheço mais de uma fraqueza sua, e isso não fez de nós um casal, mas sim amigos que se cuidam e torcem mutuamente. Que tem carinho mesmo distante, e de um jeito totalmente peculiar.

Hoje vejo que nós humanos é que tornamos os outros incríveis dentro de nós, por vezes.
Dentro de nosso pensamento.
Dentro do que desejamos que sejam e façam pra nós.
Querendo ver naquela pessoa o que falta ao nosso redor.
Fantasiamos a companhia ideal, a mulher ideal. Aquela que vai nos fazer super felizes, nos mostrar algo novo, levantar nossa auto estima e nos satisfazer na cama.
Aquela que será nossa companheira nas aventuras.

Acordando vi que a vida já é uma grande aventura por si só, e essa foi (teria sido) apenas mais uma.
Quando se caí na real,  vê-se que pode contar com você mesmo, acima de tudo, pra estar bem.
Aquela tão sonhada idolatrada salve salve mulher não te deu confiança, não te levou ao sucesso, às aventuras nem ao prazer. Apenas te ensinou como não ser.

A vida segue, e quando enfim maduros, percebemos que de incrível mesmo é a nossa força e determinação, nossa capacidade de vencer por nossas próprias forças.
Que aquela incrível pessoa passou, e hoje está sabe lá aonde.

E que incrível mesmo é viver

02:09h


Obs.: O cara do filme voltou pra casa sem a mulher. Mas pelo menos a beijou.



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