domingo, 28 de agosto de 2016

Paixão à bordo

A pele alva tinha brilho próprio.
O sorriso iluminava quilômetros naquela noite de breu total, onde só chamas ao longe se via. Aquela visão era mágica.
Cada detalhe era observado admirado e arquivado.
Encanto do primeiro contato.
Dos cabelos que ficam perfeitos em qualquer posição qualquer balanço qualquer jeito, à barriguinha zero percebida sob a camiseta e os pés miúdos que pediam muitos beijos.
Toda parte do corpo daquela pequena pedia beijo. Carinho.
"... lembra-se da primeira vez? / Eu viajei nos rosas do teu corpo nu, depois a gente se refez / E jamais você me pareceu tão bem / Estavas tão bem ..." Já cantava Djavan.
Rosas... será ?
Imaginação viaja longe.
Pintura divina em harmonia perfeita em qualquer tom de pele, certamente é.
"Juro beijar teu corpo sem descanso / como quem sai sem rumo pra viagem ..."

Mas o lugar... Ah, o maldito lugar...
O mesmo lugar que trazia beleza trazia a algema. Trazia a vigilância.
Esse lugar era um outro mundo.
Mundo que fica a algumas milhas distância.
Por dias se pensa que só esse mundo existe.
Aquele momento fazia daquele lugar um lugar especial, apesar de tolhido. Tolhido da permissão de fazer o carinho que aquela pele suave merecia.
Nessa hora o homem fica desarmado, age como menino.
Faltavam palavras, ideias, falta o chão.
Faltava tudo menos a vontade de transferir esse momento pra além da barreira das águas, livrando-os das algemas daquele lugar.

Agora ela está longe. Não frequenta mais essa águas e nem sei quando a verei.
Aquela companhia não mais haveria de acontecer em situações normais.
Lábios nunca se tocaram, e o tempo não volta.
Pássaro de prata não vai mais trazê-la.

Quem sabe nos encontremos um dia. Pés na terra...


A.G.
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